O #MUSEUdeMEMES

Um pouco sobre quem somos e o que fazemos

Sobre

Um passeio pelo #MUSEU

A visita ao #MUSEUdeMEMES começa pela arqueologia memeal. Em lugar das ossadas de dinossauros que preenchem os saguões dos museus de história natural e rugem silenciosamente aos visitantes, nós temos bebês e ratinhos dançantes e correntinhas de emails, que marcaram a era mesozoica dos memes de internet.

Em seguida, à direita, pode-se notar uma extensa galeria de animais empalhados. São gatinhos fofos, esquilos dramáticos, pôneis malditos, e mais dinofauros. Pokerfaces, FFFUUUUUUUs e outras inscrições rupestres são detalhadas em grandes paineis dedicados a civilizações arcaicas.

No museu de belas artes dos memes de internet, quase não há artistas consagrados, já que muitos memes são criações anônimas e coletivas. Nem por isso, porém, eles deixam de carregar marcas de sentido e estilos de época. Das representações realistas, como o ET Revoltado, às surrealistas, como o Jesus Restaurado, os memes constroem um senso estético próprio.

O museu histórico dos memes de internet preserva artefatos de civilizações memeais passadas, a Bíblia LOLcat, o forninho da Giovana, o vestido azul e preto (ou seria branco e dourado?), a caneta desmanipuladora, e, naturalmente, a carta de Temer.

Grandes líderes e personagens históricos da memesfera brasileira, como Jéssica (de “Acabou, Jéssica?"), Cláudia (de “Aham, Cláudia, senta lá") Luiza (a do Canadá), são homenageados em bustos em tamanho real.

Como os salões heráldicos e os pátios em que canhões e carruagens desfraldam a herança colonial, grandes eventos históricos e mesmo grandes guerras memeais são pontos-chaves da nossa narrativa expográfica. A truculência e a virulência das três Guerras Memeais (contra Portugal, Argentina e Espanha) são apresentadas em emocionantes relatos dos sobreviventes.

Na sala de memes regionais, Suricate Seboso, Bode Gaiato, a Gaga de Ilhéus, e as piadas sobre a Rússia Brasileira, dão o tom, e exibem a opulência e a diversidade da produção humorística nacional. Idioletos, como o tiopês, o miguxês, o catiorrês, e o pajubá, são recompostos nas salas multimídia. E há certamente muitos outros cantos a serem explorados neste museu… Convidamos todas as migas e migues a nos prestigiar, pois, parafraseando Hélio Oiticica, o meme é o mundo!

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Um. Museu. De. Memes

O #MUSEUdeMEMES nasceu de uma dupla provocação. De um lado, como todo museu, ele tem o objetivo de apresentar ao grande público um pouco da memória a respeito de um dado tema. De outro, ele é, em si, um meme, isto é, uma brincadeira, um artifício, cujo principal propósito é estimular a reflexão sobre o papel que ocupam os memes na cultura contemporânea. Em suma, o museu é uma ferramenta de comunicação, mas também é ativismo político, é teoria mas também é práxis.

Como um projeto desenvolvido sob a coordenação-geral do professor doutor Viktor Chagas, e que envolve pesquisadores e estudantes do Laboratório de Pesquisa em Comunicação, Culturas Políticas e Economia da Colaboração (coLAB), vinculado à Universidade Federal Fluminense, o #MUSEU tem a expectativa de apresentar ao grande público um conjunto de pesquisas sobre o tema, valendo-se de sua verve como ação de extensão universitária e simultaneamente como projeto de divulgação científica. Como escritório-modelo ou agência-escola, o #MUSEU organiza oficinas e seminários acadêmicos, desenvolve projetos de inovação tecnológica, e, acima de tudo, suscita problematizações indispensáveis.

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Mas por que um museu?

Há dois gestos envolvidos simultaneamente na fundação de um #MUSEUdeMEMES. O primeiro e mais evidente deles é o de preservar a memória concernente aos memes de internet, e, ainda, de sugerir que reflitamos com maior cuidado sobre o lugar que os memes ocupam na cultura contemporânea. Afinal, não se guarda qualquer coisa em um museu. Dito isto, quem entende os memes de internet apenas como cultura inútil está perdendo muitas camadas de significado.

Ato contínuo, o segundo movimento desloca o sentido do museu, normalmente tido como instituição mantenedora de uma arte erudita ou de uma história das elites, e passa a compreendê-lo como ferramenta a serviço da cultura popular, notadamente, em nosso caso, da cultura popular da internet (um tipo bastante específico). Um #MUSEUdeMEMES é, dessa forma, um produto da museologia social, que se quer no mundo.

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E o que faz um museu de memes?

São variadas as nossas atividades. Particularmente, o #MUSEUdeMEMES se ocupa (1) da constituição de um acervo diversificado a respeito dos memes brasileiros ou que circularam pelo Brasil em algum momento de sua trajetória na internet, (2) da organização de um conjunto de referências bibliográficas e orientações e debates de ordem teórico-metodológicas para pesquisadores e pesquisadoras interessadas na investigação de fenômenos relacionados ao universo dos memes de internet, (3) da realização de eventos e exposições, físicas ou virtuais, abertas ao público em geral, com o intuito de fomentar o debate sobre temas congêneres.

Em sentido estrito, o #MUSEU consiste em uma atividade que envolve pesquisa, ensino e extensão, e tem como escopo a implementação de um foro de referência para leigos e acadêmicos. O acervo de memes compilados pelos nossos curadores é apenas uma pequena parte de nosso trabalho, que consiste também em mapear e monitorar os conteúdos que circulam nas mídias sociais e também em catalogar livros e artigos publicados em periódicos científicos de mais de 50 países diferentes. Além disso, procuramos sistematizar práticas de pesquisa e compartilhar discussões com outros pesquisadores, de modo que temos, hoje, múltiplas frentes de interesse e investigação, dos memes políticos ao universo do entretenimento midiático, dos esportes aos memes feministas e LGBTQ.

O acervo é composto, atualmente, de algumas centenas de coleções de memes, dentro das quais dezenas de milhares de conteúdos foram mapeados previamente por nossa equipe, e constituem a reserva técnica do #MUSEU. O trabalho dos pesquisadores envolve a documentação dessas coleções, isto é, conjuntos temáticos específicos – não apenas uma peça isoladamente, mas um grupo de conteúdos digitais que apresentam pequenas variações sobre um mesmo tema. O primeiro passo dessa operação é identificar a que gênero esse meme pertence, em que formatos ele circula, e em que regiões do mundo ou em que plataformas ele prevalece.

Tomado como um webmuseu, o #MUSEUdeMEMES não se configura a partir de um cenário virtual tridimensionalizado, e não procura reproduzir ou emular a experiência de visitação dos museus físicos. Trata-se de um museu que respeita o suporte midiático que lhe é inerente, e, em que o próprio visitante tece suas conjecturas e experiencia por si mesmo, pois os memes só ganham contexto quando o humor que lhes é subjacente emerge. A piada interna que, em muitos sentidos, é o próprio meme, só se completa quando o interlocutor acha graça. Por isso, os memes, frequentemente, sucumbem ao tempo. Por isso também, nem sempre os memes ultrapassam a condição de artefatos subculturais para se tornarem efetivamente memória.

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