Origem
Em 07 de agosto de 2012, foi noticiado que a artista Cecilia Giménez, de 81 anos, decidiu restaurar por conta própria o afresco do século XIX “Ecce Homo” (assinado pelo pintor Elías García Martínez, que adornava um dos pilares da igreja do Santuário de Misericórdia – localizado na pequena comunidade de Borja, província de Zaragoza, Espanha).
Cecília acabou desfigurando o rosto de Jesus Cristo, criando traços completamente distintos da obra original. A “pior restauração da história" chegou às primeiras páginas de jornais de todo o planeta, se transformando em um dos maiores “trending topics" de todos os tempos. Virou febre na internet.
Gênero & Formatos
As reinterpretações do Jesus de Borja foram as mais diversas: desde montagens fotográficas inserindo a imagem do “Ecce Homo" restaurado nos mais diferentes contextos e situações a tradicionais “image macros" com tipografia Impact branca com “outline" preta, passando por memes do tipo 'amador', com adaptações do usuário comum que se utiliza de imagens conhecidas a seu próprio senso de humor (utilizando, inclusive, frases de seu contexto).
Gramática e Sintaxe
Vão de comentários sobre o fato (adaptados a iconografias da arte de Cecilia) – a substituição da figura de Jesus Cristo em imagens sacras consagradas pela imagem restaurada pela idosa -, à cultura pop – o cristo de Borja estampado em meio aos Beatles na capa de seu emblemático álbum “Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band" ou sendo “pintado como uma francesa” no filme “Titanic", de James Cameron; e, ainda, a fatos cotidianos – uma imagem cristã (no caso, a restaurada) encontrada milagrosamente numa torrada ou ornamentando um souvenir de igreja.
Difusão e Repercussão
Inicialmente, a notícia foi divulgada como um “pedido de atenção à preservação do patrimônio de Borja”, denunciado pelo blog do Centro de Estudos Borjanos. A própria Igreja se pronunciou, à época, informando que contrataria um restaurador profissional para tentar recuperar a obra, mas a repercussão foi tanta que a idosa ganhou uma série de fãs que, por meio de uma petição online, pediu que sua versão para “Ecce Homo" fosse mantida.
Por outro lado, a “restauração" favoreceu Borja, já que houve o aumento de fluxo turístico ao local; fomentando a economia e divulgando o patrimônio cultural e artístico da cidade, bem como ao próprio Santuário, que criou o primeiro Museu Internacional do “Ecce Homo", contando com obras sobre o tema de diversas partes do globo. Cecilia, por sua vez, virou celebridade mundial. Mais de 140 mil pessoas passaram pelo local desde a ocorrência para conhecer a pintura e sua restauradora, que afirma ser ainda bastante procurada.
A repercussão online foi tanta que, inicialmente, o que poderia ter sido – e foi – um desastre, se converteu na forma de divulgação positiva aos agentes envolvidos nos fatos.