A série de diagnósticos cancerosos começou alguns anos antes do boom das redes sociais atuais. Em 2009, a frase “Esse post me deu câncer” – tradução da frase original, em inglês, “That post gave me cancer” – associada a um image macro do Homem Aranha dos anos 60 deitado em uma cama de hospital já rodava pelo 4chan.
Logo depois, já apareceram algumas variações, como a da imagem de uma senhora sentada em frente ao computador e a do Ash, do anime Pokémon. Existem também variações na frase como “Essa piada é tão boa que me deu câncer” e “Sua zoeira é tanta que me deu câncer”.
O humor do meme vem na forma de um comentário em resposta a publicações entendidas pelos leitores como estúpidas, desnecessárias e sem noção. A frase é uma expressão hiperbólica que manifesta uma baixa expectativa diante dos conteúdos das publicações que seriam tão ruins, tão desnecessários que poderiam provocar o desenvolvimento de um câncer.
O meme é problemático na sua construção de humor. A frase apresenta uma metáfora de mau gosto e assume um papel extremamente capacitista que fragiliza e banaliza o entendimento e o sofrimento das pessoas com câncer. Além disso, algumas variações utilizam de conteúdo ofensivo que desrespeita as variações linguísticas, diversidade sexual e “níveis” culturais.
Esse também é o caso de páginas de humor adjetivadas com “da Depressão” e a expressão “Queria Estar Morta” que, apesar de serem exemplos de como as hipérboles são reproduzidas da boca pra fora, criam um apagamento de problemáticas, como a do câncer e a das doenças psicológicas.