Origem
No dia 25 de maio de 2020, George Floyd, um homem negro de 46 anos, foi brutalmente morto pela polícia de Minneapolis, o que gerou protestos antirracistas e contra a violência policial nos Estados Unidos. Após o quinto dia seguido de manifestações, a indignação chegou ao brasil. Para os brasileiros, não apenas a morte de Floyd reverberou, mas também a de João Pedro, de 14 anos, morto dentro de casa durante uma ação policial em São Gonçalo, e de Bianca Regina, de 22 anos, baleada no rosto quando estava em sua residência na Cidade de Deus. Estas, infelizmente, são apenas duas entre tantas outras vítimas da violência policial e do racismo no Brasil.
No Rio de Janeiro (RJ), o protesto ocorreu pacificamente em frente ao Palácio Guanabara , porém, após a dispersão, houve confronto entre os manifestantes e policiais. Em São Paulo (SP), a torcida unificada do Corinthians, Gaviões da Fiel, também organizou um ato nomeado como antifascista para impedir que uma manifestação pró-Bolsonaro e contra o isolamento social ocorresse. Nele, duas mulheres bolsonaristas se infiltraram e provocaram os manifestantes. A polícia militar as escoltou, removendo-as do local. Esta manifestação engajou também outras torcidas organizadas que se mobilizaram para realizar mais protestos. Dentre as torcidas estavam presentes as organizadas de palmeirenses, corinthianos, são-paulinos, santistas e, no Rio de Janeiro, flamenguistas .
Os protestos tiveram atos contrários como resposta. Pessoas com símbolos da supremacia branca ucraniana circulando na avenida Paulista e indivíduos pedindo intervenção militar em Brasília (DF) são alguns exemplos. Nas manifestações antidemocráticas da capital federal, o Presidente da República Jair Messias Bolsonaro sobrevoou de helicóptero e acenou aos participantes. Mais tarde, apareceu próximo a eles, sem usar a máscara recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e andando a cavalo. Bolsonaro também repostou em suas redes sociais a mensagem do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre classificar os movimentos antifascistas como terroristas. Nesse sentido, Eduardo e Flávio Bolsonaro também se engajaram contra o movimento, divulgando em suas redes sociais uma frase erroneamente atribuída a Winston Churchill, primeiro ministro do Reino Unido na época da Segunda Guerra Mundial, em que ele alegava que “os fascistas do futuro chamarão a si mesmos de antifascistas”.
Winston Churchill, o Primeiro-ministro do Reino Unido durante a 2ª guerra mundial. Mais profético impossível! pic.twitter.com/lX3cdIWYQY
— Eduardo Bolsonaro?? (@BolsonaroSP) June 1, 2020
“Os fascistas do futuro chamarão a si mesmos de antifascistas.”
Os terroristas de torcidas organizadas que chegaram gritando “democracia” desprezam a democracia, não aceitaram o resultado das urnas até agora.
Querem um 3º turno.#Somos57MILHOES pic.twitter.com/mvizwb5KpZ— Flavio Bolsonaro (@FlavioBolsonaro) May 31, 2020
Paralelamente, na noite do dia anterior às manifestações, Sara Winter, ex feminista, youtuber e ativista política, promoveu um ato em Brasília com referências explícitas à Ku Klux Klan, no qual aproximadamente 30 pessoas caminharam com tochas e máscaras em referência ao grupo supremacista branco norte-americano.
Difusão e Repercussão
No dia 31 de maio, houve uma exaltação dos ânimos dos que foram para às ruas protestar e daqueles que acompanharam pelas redes sociais online, devido à pandemia de Covid-19. Durante e ao final das manifestações, houve alguns confrontos entre manifestantes antifascistas e pessoas contrárias aos protestos, o que gerou diversos vídeos de indivíduos consideradas fascistas apanhando. Nesse contexto, também foram resgatados antigos vídeos de sujeitos brigando após comentários e/ou atitudes racistas.
Muitas pessoas compartilharam esses conteúdos junto à diferentes trilhas sonoras. Os vídeos mais repercutidos foram o de um homem com a camiseta verde e amarela em Copacabana sendo agredido por flamenguistas, e o de um bolsonarista de Porto Alegre (RS) levando uma rasteira.
Alguns vídeos alteram a trilha sonora para além de músicas e colocam áudios como o “centésimo gol do mito” ou o barulho do Windows encerrando. O conteúdo publicado não era apenas do Brasil, mostrando também supostos fascistas e/ ou racistas apanhando em protestos nos Estados Unidos.
Gênero & Formatos
O meme, que geralmente circula no Facebook, mas se tornou popular no Twitter, foi veiculado como um vídeo o qual mostra uma pessoa considerada fascista e/ou racista sendo agredida por opositores. Assim, tendo como trilha uma música famosa, a legenda muda de acordo com os posts – sempre uma variável de “Fascista apanhando ao som de….", por exemplo: “Nazista apanhando ao som de rain on me lady gaga e ariana grande" ou “Fascista apanhando ao som de Linkin Park". O meme pode ser classificado, então, como uma cathphrase ou um snowclone, pois é uma frase marcante que se repete, a qual pode ter alguns termos trocados e ainda seguir uma fórmula.
FACISTA APANHANDO AO SOM DO ? GOL DO #M1TO
Vídeo do @spjeffc pic.twitter.com/fkHhccy3xV
— SPFC DA DECEPÇÃO (de ?) (@SPFCDaDecepcao) June 1, 2020