Origem
Em janeiro de 2013, Michel Temer (PMDB) publicou seu livro de poesias chamado “Anônima Intimidade”. Escritos em guardanapos durante viagens entre SP e Brasília nos intervalos da atividade parlamentar, os poemas abordam desde uma reflexão sobre a escrita até o ardor da paixão. Inicialmente, esta publicação passou quase desapercebida, mas posteriormente, em uma conjuntura política diferente, deu base para o surgimento do meme do Michel Temer Poeta, que se difundiu através de hashtags, publicações de sites e páginas humorísticas no Facebook e no Twitter.
Gênero & Formatos
Podemos classificar os memes do Temer Poeta quanto ao seu gênero como meme de ação
popular de discussão pública, pois o engajamento livre na sua produção demonstra a criação coletiva de sentido acerca dos temas debatidos humoristicamente pelos memes. Quanto ao formato, esses memes se apresentam na forma de versos, image macros, exploitables e gifs.
Gramática e Sintaxe
Os versos que dão base aos memes parecem não seguir métricas silábicas. Aparentemente são livres paródias de alguns versos de Temer e de outros versos populares. Os image macros, exploitables e gifs costumam apresentar Michel Temer ou aliados políticos ou ambos juntos.
Difusão e Repercussão
Poucas menções à hashtag #TemerPoeta podem ser detectadas já em Dezembro de 2012,
quando foi anunciada a publicação do livro. Em 10/03/2014 o site de humor político The Piauí Herald, por exemplo, publicou uma matéria tematizando a atividade literária do então vice-presidente: Michel Temer ameaça retaliar Dilma com nova coleção de poemas.
O fato é que estes poemas não foram assunto popular até 2016, quando alguns eventos puseram Michel Temer no centro das atenções: supostos vazamentos de uma carta de Temer à presidenta Dilma Rousseff (na qual diz sentir-se um “vice decorativo”) e de um áudio no qual ele ensaiava seu discurso à nação antes do afastamento de Rousseff, a exposição de sua jovem esposa Marcela Temer como o modelo ideal de mulher “bela, recatada e do lar” e evidências de crimes cometidos por ministros do governo interino de Temer (como o audio no qual o senador Romero Jucá, então ministro do Planejamento do governo interino, é flagrado afirmando ser necessário um pacto nacional para depor a presidenta Rousseff e encerrar as investigações da operação Lava Jato).
No dia 20/04/2016 o consultor de projetos de informática, Gabriel Gianordoli, 34 anos,
publica o site temerpoeta.com, no qual poemas são gerados aleatoriamente parodiando os versos de Temer. Segundo Gianordoli, em entrevista ao jornal New York Times, o modo como assumiu a presidência, os poemas ruins e a esposa 42 anos mais jovem são ridículos e levam Temer a ter que se expor à reação das pessoas.
Em seguida, no dia 12/05/2016, o servidor público Daniel Ramos, 25 anos, criou o perfil Michel Temer Poeta (@temerpoeta) no Twitter, no qual publica paródias dos poemas de Temer e de outros versos conhecidos, sempre dialogando com os acontecimentos políticos do Brasil e com as desventuras da imagem de Temer, como o seu suposto satanismo. O perfil do Twitter Michel Temer Poeta ainda nos indica a página do Facebook dedicada ao personagem político Temer Poeta, na qual também encontramos publicações semelhantes às do perfil do twitter. Há outra página de entretenimento no Facebook, Michel Temer Poeta e Gifeiro Ilegítimo, na qual image macros, exploitables e gifs são postados ao invés de versos como nas páginas já citadas. Os jornais e os sites humorísticos em alguma medida também noticiaram e difundiram o meme. Há por exemplo a publicação de 18/05/2016 no site humorístico O Sensasionalista: Nove provas de que Michelzinho (menino de 7 anos, filho de Temer) escreveu o livro de poesias de Temer.
Exemplos Notáveis
https://twitter.com/temerpoeta/status/731216381023227904
Paródia do Hino Nacional Brasileiro:
https://twitter.com/temerpoeta/status/758809723567124481