Né, minha filha?

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Origem

No dia 1º de Março de 2020, o programa Fantástico da emissora Rede Globo exibiu uma matéria que tratava o abandono, a violência e o preconceito vividos por 700 mulheres trans confinadas em presídios masculinos no estado de São Paulo. A matéria começava com Drauzio Varella, médico voluntário há 30 anos em penitenciárias, em um encontro com mulheres trans presas no Centro de Detenção Provisória de Pinheiros, onde temos acesso a informações sobre a vida de diferentes mulheres. Quando foi ao ar, o trecho que ganhou a atenção de boa parte do Brasil foi da conversa de Drauzio com Suzy de Oliveira.

Na conversa, Suzy fala sobre as lutas que as mulheres trans enfrentam ao chegarem nos presídios e, também, anuncia sua condição médica testada como soropositiva. A conversa entre Drauzio e Suzy segue em relação à vida afetiva da detenta que admite estar separada de seu marido, transferido para outro centro de detenção. Após ser questionada pelo médico sobre a quanto tempo ela não recebe nenhuma visita, Suzy responde oito anos. Eis, então, que surge a seguinte fala do médico: “Solidão, né, minha filha?", logo depois Drauzio abraça a mulher.

Difusão e Repercussão

A primeira reação de boa parte dos espectadores foi uma grande onda de comoção em solidariedade à mulher presa. Em cinco dias, Suzy começou a receber presentes de pessoas comovidas com a reportagem que foi ao ar. Segundo o site G1, além de 234 cartas, Suzy recebeu livros, bíblias, maquiagens, chocolate, cartas de grupos religiosos e até uma vaquinha foi criada com o nome “Levar amor à Suzy na Penitenciária". Contudo, outra parte dos espectadores não teve a mesma iniciativa e resolveu procurar o verdadeiro motivo para Suzy ter sido presa. No dia 08 de março, dias depois de ter recebido presentes, a repercussão mudou de rumo.

O site O Antagonista divulgou o motivo da prisão dela. Segundo a sentença, a detenta cumpre pena por estupro seguido de assassinato de uma criança. Após a divulgação da notícia, os alvos das críticas se tornaram a Rede Globo e Drauzio Varella.